segunda-feira, 22 de junho de 2009

Testando o tamanho da sua paciência...


Se os cristãos devem estar vestidos de paciência, então porque muitos se sentem como se estivessem despidos?

Todos os dias vivemos situações que testam nossa paciência. Compramos alguma coisa que precisa ser montada e o manual de instruções não faz sentido. Durante a aula de golfe você dá uma tacada direta e precisa na bola, mas para sua surpresa, ela não vai para onde deveria. Você coloca 16 meias na máquina de lavar e quando vai pendurá-las, só encontra 15.Como escolhidos de Deus,o apóstolo Paulo diz que devemos nos vestir de paciência.Quando estamos vestidos de paciência,somos capazes de absorver os aborrecimentos. Lidamos com as dificuldades sem remoê-las.Podemos aprender a lidar com elas,e absorvê-las como uma camiseta de algodão absorve os pingos de água de um esguicho de jardim.Mas,e sobre aquelas pessoas que nos irritam e nos aborrecem diariamente?Temos que absorver isso também. Algumas delas são desconhecidas:motoristas que dirigem lentamente na pista da esquerda, pessoas cujos cachorros latem a noite inteira.Ou aquela pessoa que está com 19 itens no caixa rápido do supermercado onde só se podem pagar 15 itens de cada vez.E esta mesma pessoa fica de papo com o operador de caixa, deixando para procurar o talão de cheques somente depois que todos os produtos foram registrados, e depois disso tudo resolve conferir a nota antes de sair, ao invés de deixar o caixa livre para o próximo cliente.Desconhecidos testam nossa paciência várias vezes por dia,mas essas tentativas duram pouco tempo.Entretanto,nada se compara aos membros de nossa própria família.Uma das principais fontes de aborrecimento é a própria família.C. S.Lewis diz que“quando dois seres humanos vivem juntos durante um tempo,suas expressões faciais e o tom de suas vozes se tornam quase insuportáveis um para o outro”.Entendo bem o que ele quer dizer.Não é que alguém de sua família tenha realmente feito alguma coisa errada.É só aquele jeito que ela levanta as sobrancelhas que o deixa maluco!Ou é apenas o jeito que ele tem de resmungar o tempo todo,mesmo quando não está reclamando de alguma coisa.Paulo afirma que,como escolhidos de Deus,devemos suportar uns aos outros. Cada um deve vestir a si mesmo de paciência.E precisamos muito dessa roupa. Precisamos dela para absorver o desgaste diário de trabalhar e viver em comunidade. Precisamos de paciência a fim de lidar com os aborrecimentos e as pequenas porções de raiva que eles nos trazem diariamente.

Faxina Espiritual:

O grande segredo de uma boa faxina espiritual está em ser capaz de controlar a própria ira.Você se lembra quando Paulo descreve sua vida antes de seu encontro com Cristo? Ele descreve uma vida cheia de ira.O que se pode esperar de uma vida sem de Cristo? Segundo Paulo,podemos achar raiva,ódio,calúnias,ofensas,inveja,brigas, fofocas, agressividade,facções e conflitos. Guerra e rumores de guerra. Igrejas divididas,casamentos despedaçados,amizades desfeitas.Tudo e todos repletos de ira. Esta vida sem Cristo– e este tipo de vida está acontecendo em nossas igrejas e em nossos lares,é uma vida de ira:políticos em fúria,esportes agressivos e filmes sobre vinganças impossíveis.Programas de televisão onde os participantes discutem e se agridem mutuamente,músicas que incitam a violência.É como se as pessoas quisessem estar“armadas com o amparo da lei”,alguém disse.É como se fossem pessoas que estudam para se tornarem advogados, porque estão permanentemente iradas e desejam, com seu diploma,ter uma espécie de “fúria legalizada”.Ponha tudo isto de lado,é o ensinamento de Paulo.Remova todas estas coisas da sua vida. Tire a velha roupagem de ira e revista-se de compaixão,bondade,humildade,mansidão e paciência.Como santos e amados de Deus devemos estar vestidos de paciência.

Paciência significa controlar a própria raiva.É ter pavio longo para se aborrecer e memória curta para as coisas que nos tiram do sério.Pessoas pacientes são difíceis de serem provocadas.São capazes de absorver muita coisa antes de “perder a cabeça”.

Solvente Espiritual:

A palavra grega para paciência usada aqui é makrothymia,que significa uma enorme capacidade de absorver aborrecimentos sem permitir que eles paralisem sua vida. Existe uma parte no motor do carro chamada cárter.O cárter é onde o óleo lubrificante fica armazenado.Toda vez que giramos a chave da ignição,esse óleo é bombeado e lubrifica todo o motor.A paciência é como um motor lubrificado que funciona bem. O óleo lubrificante não remove todas as impurezas,mas as deixa em suspensão.Dessa forma elas não poderão aderir ao motor,travando-o e impedindo-o de funcionar.Essa é uma boa maneira exemplificar paciência.Pode-se dizer que quem é paciente tem um grande depósito de óleo.Assim como o óleo lubrificante impede a sujeira de aderir ao motor, essas pessoas são capazes de deixar muitas coisas irritantes de lado.Imagine alguém sentado atrás de você que não pára de estalar os dedos.Irritante,não é?Faça como o óleo:deixe em suspensão.Suponha que não está conseguindo achar suas chaves e está começando a ficar um “pouquinho” aborrecido.Deixe em suspensão.E quando alguém se atrasa para uma reunião ou encontro marcado?Pode sentir a raiva crescendo enquanto espera?Nada disso.Lubrifique tudo isso com muita paciência e deixe em suspensão.Afinal,temos um grande reservatório de óleo.Quem é paciente possui makrothymia.A capacidade de absorver coisas irritantes sem permitir que elas paralisem tudo à sua volta. Pessoas pacientes também se aborrecem,como todo mundo. Mas elas têm um lugar onde depositam sua irritação.É importante acrescentar,que ser paciente não é ser necessariamente ingênuo,ou não ter coragem.Paciência não exclui indignação diante da injustiça. Em certas ocasiões é correto sentir raiva. Podemos ser santos de Deus,e nos irarmos como Ele também se irou.Se nosso filho é molestado, se nossa igreja é difamada,nosso cônjuge é insultado ou se blasfemam contra Deus; temos o direito nos irar.Quando alguém fala mal de você no seu trabalho ou contra a sua reputação,você tem o direito de se indignar.Lewis Smedes* diz que,a ira justa “é o poder executivo da decência humana”.Mas precisamos de paciência também quando indignados,quando nos iramos mesmo com as grandes injustiças.Aborrecimentos são deixados“em suspensão”,e podemos até nos esquecer deles.Porém,um motivo justo para a ira também deve ser deixado em suspensão por um pouco de tempo.Quando somos seriamente ofendidos,devemos parar e pensar qual a maneira correta de reagir.Pode ser que nós tenhamos realmente que repreender ou confrontar o ofensor, mas isso é como uma cirurgia delicada.Um cirurgião precisa de mãos firmes.Não podemos fazer isso em meio a uma tempestade interior, porque nossas mãos irão tremer e então a “cirurgia” será um fracasso. É preciso paciência para repreender.A mesma coisa acontece com o perdão. Você pode ser capaz de perdoar uma pessoa que tenha lhe ofendido,mas isso pode levar certo tempo.E quando finalmente chega o dia em que o perdão é concedido, o que você realmente faz é exterminar a ira contra quem lhe ofendeu.De acordo com Robert Roberts**,esse é o primeiro passo para perdoar:lutar contra a nossa própria ira.

E quando você decide eliminar essa raiva,onde irá encontrá-la? Se você é paciente, vai encontrá-la em suspensão onde a deixou até que houvesse condições de saber o que fazer com ela.Um cristão que sabe perdoar é um cristão paciente. Talvez o seu motivo justo o impulsione a uma busca por justiça.Só que justiça leva tempo para ser feita e exige cabeça fria.É por essa razão que um tribunal possui todas aquelas regras – hora para levantar e para se assentar,tempo para falar e tempo para permanecer em silêncio; grande cortesia ao se dirigir ao juiz.Muito disso é destinado a manter a raiva sobre controle.A idéia é que a ira de todos que participam do julgamento esteja em suspensão enquanto se trabalha para que a justiça siga o seu caminho. Na versão criada para o cinema em 1962 do romance de Harper Lee,O sol é para todos,o ator Gregory Peck representa Atticus Finch, um advogado extremamente íntegro.Atticus Finch faz todo o possível para defender Tom Robinson,um homem negro falsamente acusado de estupro,no Alabama de 1930.Atticus faz uma defesa eloqüente e apaixonada,porque está convicto da inocência de Robinson. Mas o júri,racista,acaba por condenar Tom.O que mais chama atenção nas cenas de Atticus durante o julgamento é a grande força do seu caráter.

Mas o que há tão diferente em Atticus Finch? Ele é sincero e honesto.Porém o que verdadeiramente chama atenção nestas cenas é a grande força de sua paciência.É possível ver claramente a ira contida em seus olhos e na maneira como seus músculos faciais se contraem.Pode-se “sentir” a ira em sua voz.É algo perceptível até mesmo na maneira como ele se movimenta.Apesar das circunstâncias Atticus mantêm toda essa ira sob controle.Ele tem bons motivos para estar irado, afinal uma terrível injustiça está sendo cometida naquele tribunal.E o seu trabalho é tentar impedir que isso aconteça. Para executar esse trabalho ele não pode se deixar dominar pela ira de sua indignação. Ele precisa defender seu cliente,Tim Robinson.E isso significa que ele precisa deixar sua ira em suspensão e fazer o seu trabalho.Como escolhidos de Deus, devemos nos vestir de paciência. Não pense que homens e mulheres espiritualmente maduros são capachos dos outros.Eles também sabem o que é irar-se. Mas aprenderam como controlar a própria ira. São pacientes como Atticus Finch – o que quer dizer também que são pessoas muito fortes.Ser paciente requer “músculos espirituais”.

Armadura de Deus

Se você já ressuscitou em Cristo (Cl 3.1), se você foi batizado em uma igreja cristã e defendeu publicamente sua fé em Jesus Cristo, se segue os passos de Cristo e vive sob sua influência então você é um cristão e deve estar vestido de paciência. Use a paciência como uma armadura para lhe proteger.

Imagine que a paciência,como todas as virtudes,é em parte fruto do Espírito Santo e em parte um chamado.Qual o propósito deste chamado e como responder a ele?

Quatro breves conselhos:

Primeiro,seguindo um conselho de Carolyn Simon,podemos olhar para pessoas irritantes com os olhos criativos do amor.Suponha que você está dirigindo na pista da esquerda atrás de um motorista muito lento.Ao invés de tentar puni-lo grudando na traseira do carro dele,imagine deliberadamente que essa pessoa é o avô de alguém.Mas um daqueles avôs realmente bons. E ninguém pressiona vovôs ou vovós. Nós os protegemos.Uma das razões porque o amor é bom e paciente (1 Co 13),é que o amor é criativo. Segundo, podemos manter nossos corações nas coisas do alto, onde Cristo está assentado à direita do Pai.Isso significa ampliar os horizontes e aumentar nossas esperanças. O reino de Deus está próximo,e a vontade de Deus será feita.Se olharmos por este ângulo, um atraso no trânsito não é tão importante. O mesmo pensamento serve para pessoas esnobes,crianças birrentas e as manias irritantes de alguns amigos.Essas coisas são como bolas de golfe perdidas.No final das contas,elas não têm nenhuma importância.Agora,as grandes ofensas contra nossa pessoa,contra nossa dignidade – essas coisas importam.E importam muito.Então vamos ter que repreender ou mesmo confrontar os ofensores.Ou então perdoá-los.Talvez iniciemos uma busca por justiça. E pode ser que consigamos essa justiça.Ou não.Pelo menos não até o Dia do Julgamento Final.Até esse dia,vamos precisar de um lugar onde deixar nossa ira.Terceiro,podemos fazer uma espécie de“estágio”com os que são pacientes(Tg 5.7-11, especialmente 10 e 11). Sempre podemos encontrar algumas dessas pessoas à nossa volta.Pessoas maravilhosas que têm enormes “depósitos de óleo lubrificante”.Podemos observá-las, ouvi-las e aprender com elas atitudes que promovam a paz. Se alguma vez você tiver a oportunidade de conviver com uma pessoa verdadeiramente paciente,nunca irá esquecer. Este é o tipo de pessoa que poder estar zangada com você,mas vai deixar a raiva em suspensão.Ela irá pensar e analisar o que há em você que tanto a aborrece.Depois,irá analisar cuidadosamente seus sentimentos e buscar por sua verdadeira essência – a parte que mostra que você foi feito por um grande Mestre.Podemos aprender muito com aqueles que nos tratam com paciência.Aprender a ser paciente é como aprender um instrumento musical.Você precisa de um ou dois bons professores.Depois de se ter bons professores,o mais importante mesmo é praticar.Quarto,a paciência é feita sob medida para aqueles que morreram e ressuscitaram em Cristo.Para experimentarmos a paciência como uma das manifestações do fruto do Espírito e adotá-la para trilhar o caminho da semelhança de Cristo,teremos de manter nossos olhos fixos nele e não em nosso próprio programa de“aperfeiçoamento da paciência”.Teremos condições de imitar a Cristo, quando olharmos apenas para Ele.E o que vemos ao olharmos para Cristo com nossa mente cheia de paciência? Visualizamos a paixão e morte de Jesus,onde Ele absorveu não apenas aborrecimentos ou pequenas injustiças.Jesus absorveu todo o pecado do mundo: Ele absorveu o máximo da maldade sem recusar do preço a ser pago; e com isso Jesus deu fim ao clamor por vingança no qual este mundo está terrivelmente aprisionado. Ao olharmos para Jesus, quase nem podemos acreditar. Enquanto Ele caminha pelo Gólgota,joelhos dobrando-se sob o peso da cruz, nós subitamente perdemos o interesse pelos aborrecimentos de nossa vida.Afinal eles não parecem ter o tamanho de uma cruz. Não parecem ser o tipo de coisa pelo qual se deva morrer. Mas,e quanto às grandes injustiças? Vale a pena lutar e morrer por elas, entretanto podemos direcionar toda nossa ira para Cristo cuja sede de justiça é infinitamente maior que a nossa e,cujo julgamento do mundo – incluindo o nosso - será sempre um julgamento justo.Paciência é parte da armadura de Cristo.Como escolhidos,santos e amados de Deus, vistam-se de paciência.Paciência é feita sob medida para aqueles que morreram e ressuscitaram em Cristo.Paciência é parte do uniforme da família de Deus.

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